Silvana Figueiredo Tavares




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31 de julho de 2012

Cama compartilhada - CC



Pratico a Cama compartilhada com Dudu, desde seu 1º instante de vida, deixando claro que CC(cama compartilhada) o bebê não necessariamente precisa estar na mesma cama dos pais, o bercinho dele colado na sua cama, já pode ser considerado CC. Ele dorme o inicio da noite no berço e depois pula pra nossa cama... Dormi com minha mãe a vida toda, só perdi o lugar quando minha irmã mais nova nasceu e também dormia com ela. Acho maravilhoso essa forma de carinho que minha mãe teve pela gente e somos muito amigas hoje em dia... e outra coisa, eu pelo jeito não atrapalhava meus pais namorarem já que eles tiveram minha irmã depois de mim, com 10 anos de diferença né? rsrrs
O livro soluções para noites sem choro é simplesmente sensacional o post de ontem foi retirado de lá e o de hoje também, acredito que tudo que é bom precisamos compartilhar, então boa leitura a todos.



Texto Nota retirado da página Soluções para noites sem choro no facebook.


Geralmente as pessoas começam com um olhar de espanto e logo perguntam quando você pensa em parar com isso, como se fosse um hábito desagradável, comparável a fumar ou deixar sua criança fazer xixi no chão. Se você questionar essas pessoas a respeito de porquê pensam que é um hábito nocivo, na maioria das vezes é devido ao fato de acreditarem que dormir com seu bebê vai torná-lo menos independente, mais carente, e assim meio que inútil para o restante da vida. Afinal, nós todos queremos que nossos filhos saiam para enfrentar o mundo, e se você tem uma criança que é muito ligada ao pai ou à mãe, como ela poderá ser um indivíduo com personalidade própria? E compartilhar a cama é visto como uma das coisas que tornará a criança dependente da mamã e do papai para sempre. Certo? Bem, se existissem evidências de que esse é realmente o caso, eu não estaria escrevendo esse artigo agora, estaria? Não, e na verdade parece que é justamente o contrário do que muita gente acredita.

Aqui vamos nós… Crianças que dormem em cama/quarto compartilhado tendem a ser – veja só – MENOS medrosas e MAIS independentes do que aquelas que dormem sozinhas. Por alguma razão, as pessoas começaram a acreditar que os bebês precisavam ser mais independentes, e que aprender a dormir sozinhos desde o primeiro dia de nascidos seria uma forma de fazer isso. Primeiramente, é uma besteira enorme dizer que os bebêsprecisam ser independentes – eles não podem ser, afinal, são bebês! Eles sequer sabem que existem até completarem um aninho de vida ou mais, então como podem ser independentes antes disso?  Contudo, conforme as crianças crescem, elas se tornam (felizmente) mais independentes, e nessa fase são as crianças que dormiram com os pais (ou continuam dormindo) e receberam toneladas de carinho e contato corporal que se mostram as mais destemidas, enquanto as que foram deixadas sozinhas para serem "independentes" enquanto bebês tendem a ser mais tímidas, ansiosas e amedrontadas. (Eu adoro ter uma parte de mim que ama esse paradoxo porque é completamente intuitivo quando você pensa pelo ponto de vista de um bebê. É exatamente o que a maioria das pessoas não fazem – elas pensam nos bebês como se fossem adultos, com pensamentos e crenças de adultos, apenas em uma escala menor.)

Parte da explicação desse paradoxo vem do apego – bebês que dormem com os pais tendem a ser mais apegados às mães, e pesquisas mostraram que crianças que são mais apegadas exploram mais e são mais independentes que aquelas que não têm apego com os pais. Bem, é importante notar que pode ser que os pais façam cama/quarto compartilhado por serem mais responsivos aos filhos, e não seja o fato de dormir com o bebê em si que o torne mais apegado/independente. Contudo, existem outros motivos para se acreditar que esse arranjo para dormir promova sim independência.
Tudo gira em torno dos hormônios. Como um dos milhares de apontamentos do Dr. Sears, a hora de dormir à noite é um dos momentos mais estressantes para um bebê. A escuridão e o silêncio da casa são na verdade bastante assustadores para crianças novas, que foram acostumadas com som estático constante dentro do útero (por exemplo as batidas do coração da mamãe) e a sensação de estar sendo mantido apertado, segurado forte. Assim, ser colocado longe de outras pessoas (e sem contato humano) aumenta a resposta ao estresse nessas crianças. O contato entre mãe e bebê a qualquer momento do dia reduz o estresse do pequeno através da liberação de ocitocina, um hormônio que é conhecido por promover contato e comportamento amoroso (também conhecido como hormônio do "aconchego"), especialmente quando há contato pele a pele (ex., Uvnas Moberg, 2003).  Dormir com o bebê também diminui no corpinho dele os níveis do hormônio do estresse chamado cortisol (Waynforth, 2007).  Então, ao fazer cama/quarto compartilhado você dá ao seu bebê uma carga de hormônios que lhe trarão prazer e são relacionados a ligações afetivas maiores, bem como à redução dos hormônios associados ao estresse.

Mas aí você vai me perguntar: como esses hormônios contribuem para a independência? Pense em você mesmo e em suas reações a várias situações. Todos já tivemos dias em que estávamos super estressados, quase arrancando nossos próprios cabelos. Nesses dias, quão disposto você estava para sair e explorar novos lugares, conhecer pessoas novas, tentar coisas diferentes? Se você estiver no grupo chamado "normal" e está sendo honesto, provavelmente vai dizer "Nem um pouco." Ao invés disso, você pediria uma taça (ou garrafa) de vinho em um lugar seguro, aconchegante, longe das pessoas ou locais potencialmente estressantes, pois evitar o estresse é parte da nossa reação – enfiar a cabeça num buraco e esperar que o que estiver te estressando desapareça. Isso é devido ao fato de que o estresse tem relação com o medo, e dessa forma ambos ativam a resposta de "lutar ou fugir", ainda que em diferentes níveis de intensidade. Logo, um bebê que está constantemente sob estresse tende a procurar lugares seguros e permanecer por lá. Assim como nós adultos fazemos. Agora lembre-se de momentos em que você estava feliz, relaxado e calmo. Durante esses momentos da sua vida você procura fazer coisas novas? Conhecer gente diferente? Ir a outros lugares? Sim, porque esse é o estado de espírito do qual necessitamos para sair e explorar o mundo. Então um bebê que tem níveis mais baixos de cortisol e mais altos de ocitocina, tende a estar mais disposto a conhecer o mundo frequentemente.

Outra razão que associa a cama/quarto compartilhado a independência é que dormir perto do seu bebê gera uma sensação de segurança devido à resposta imediata durante períodos críticos. Todos os recém-nascidos possuem o reflexo de moro, que o faz se assustarem e costuma ocorrer enquanto dormem. (Para aqueles que não têm mais um recém nascido, até os 3 meses de idade, enquanto dorme, os braços e pernas do seu bebê tremem como se ele estivesse caindo. Esse é o reflexo de moro). Se a sua criança estiver no colo de um adulto ou estiver por perto (como em um berço grudado à sua cama, com a grade lateral abaixada), é muito mais fácil controlar o reflexo e acalmá-lo antes que acorde e entre em pânico. Contudo, se você não estiver segurando o bebê, o reflexo de moro vai acordar seu bebê em pânico. O cortisol estará então circulando pela sua corrente sanguínea e vai demorar bem mais tempo até você conseguir acalmá-lo. Muitos pais passam por isso quando são acordados por um bebê que está gritando. Quando isso acontece, o que o bebê aprende a partir dessa experiência? Que o mundo não é um lugar seguro e que deve estar sempre alerta. Quando seus níveis de estresse estão constantemente altos, você aprende a estar mais vigilante para conseguir manter-se longe de perigos em potencial. Honestamente, eu me surpreendo com o fato de tais crianças não estarem clamando para voltar ao útero, após essas boas-vindas ao mundo.

Os bebês que dormem com seus pais aprendem algo bem diferente. Como eles são imediatamente tocados e confortados quando passam por esse reflexo de moro (e muitas vezes nem chegam a acordar), eles aprendem que o mundo é seguro para eles. Alguém estará por perto para socorrer quando precisarem de ajuda. Quando você sabe que tem uma rede de proteção, é muito mais fácil tentar andar na corda bamba do que se você não soubesse se iria ser amparado ou não no caso de uma queda. E uma vez que você começa a acreditar que há uma rede de proteção (chamada mamãe e papai), você se torna mais propenso a se arriscar e tentar coisas novas. Então, através da cama/quarto compartilhado você está oferecendo ao seu filho a base para um forte senso de segurança e sensações duradouras de conforto e proteção. Você está também alterando o balanço hormonal para melhor – reduzindo hormônios negativos (cortisol, por exemplo) e promovendo os positivos (oxitocina, por exemplo). E para culminar, você está aumentando as chances de seu filho ter uma ligação estreita com você, o que traz uma enorme variedade de resultados futuros maravilhosos. Eu acho que isso explica porque evoluímos para a cama/quarto compartilhado. [1].

Então quando você pensar em como você quer que seu filho seja criado e que tipo de pessoa você quer que ele seja – Extrovertido ou inibido? Aventureiro ou tímido? Medroso ou corajoso? – pense a respeito do que você está ensinando a respeito do mundo através de suas ações frente ao bebê. E saiba que uma forma de dar à criança uma base sólida é dormir junto dela ou dele – seu filho vai agradecer a longo prazo.

ORIENTAÇÕES PARA CAMA COMPARTILHADA COM SEGURANÇA:


- Coloque a criança para dormir deitada de costas

- Coloque a criança ao lado da mãe invés de entre a mãe e o pai

- Utilize uma cama grande e firme e tome precauções para prevenir a queda do bebê da cama

- Não durma com a criança em uma cama d’água ou sofá

- Não coloque uma criança para dormir sozinha em uma cama de adulto

- Não utilize almofadas e roupas de camas fofas

- Não compartilhe a cama com seu bebê sob a influência de drogas, álcool, medicação para resfriado e alergia que não necessitam de receita médica para a compra ou se estiver extremamente privado do seu sono

- Irmãos, irmãs ou babás não devem dormir com a criança

A API incentiva a CPSC a verificar o risco relativo do ambiente do sono tanto quanto os benefícios da cama compartilhada. A utilização pública de informação pobre de conteúdo não é em prol do melhor interesse de pais ou de crianças que a CPSC procura proteger. Parker diz que “A API solicita um relatório objetivo, compreensivo e independente, que analise o risco relativo de todos os tipos de ambiente de sono. Apenas quando isto estiver disponível poderá a CPSC verdadeiramente assistir pais a tomar a melhor decisão para suas famílias”.

Para maiores informações sobre as recomendações da CPSC verifique nosso website:http://www.attachmentparenting.org/



Link para o texto original em inglês: http://www.evolutionaryparenting.com/?p=63
Tradução: Gabriela de O. M. da Silva
Nota:
http://solucoes.multiply.com/journal/item/56
Normas de segurança para a cama compartilhada (estas em português, retiradas do livro "Soluções para noites sem choro", de Elizabeth Pantley)

Diga NÃO ao desmame Abrupto


Por AMS - Aleitamento Materno Solidário
Por Dra. Andréia Cristina Karklin Mortensen, neurocientista e membro da nossa comunidade.

Diante a tantos relatos de desmames abruptos e precoces que não resultam em melhoria no sono, pelo contrário, resolvi agrupar informações sobre desmame abrupto e possíveis consequências para a mãe e a criança. Espero que sirvam para reflexões gerais na comunidade. O desmame abrupto é extremamente traumático para toda a família e isto infelizmente ainda é comum: algumas mães deixam de dar o peito de uma hora para outra, com soluções drásticas como dormir fora e deixar a criança aos cuidados de parentes, aplicar produtos desagradáveis nos seios para que a criança os rejeite pelo gosto ou ainda com mentiras, enganações e choques visuais, como exemplo usar um band-aid nos seios e dizer à criança que estão machucados.

A amamentação é algo TÃO importante na vida da mãe e da criança, foi o início de comunicação entre mãe e filho, foi fonte de nutrição, de afeto e não deve terminar de uma maneira brusca, com artifícios, enganações, mentiras, fazendo com que a criança talvez se sinta culpada por ferir sua mãe. Essa é uma responsabilidade e culpa enormes que são transferidas para o filho no evento de um desmame repentino. Quando perde o peito de repente, a criança se sente desolada, sofrendo uma perda, pode se sentir rejeitada pela mãe, gerando insegurança e muitas vezes rebeldia. A perda repentina do seio materno pode causar trauma emocional na criança, já que amamentação não é somente fonte de nutrição para o bebê, mas fonte de segurança e conforto emocional também. Não há absolutamente como explicar a um bebê que repentinamente não pode mamar mais.

Desmames abruptos não permitem que ambas partes físicas e emocionais de mãe e filho sejam trabalhadas gradualmente. Por outro lado, ao promover um desmame gradual podem-se compensar aos poucos outros tipos de atenção para compensar a perda do contato íntimo da amamentação. Na mãe, o desmame abrupto pode resultar em ingurgitamento mamário, bloqueio de ducto lactífero e mastite, além de tristeza ou depressão, por luto pela perda da amamentação ou por mudanças hormonais. Depressão pode surgir por um decréscimo abrupto dos níveis hormonais maternos, portanto mães com história anterior de DPP devem especialmente atentar para as consequências de um desmame abrupto.

O desmame deve ser natural, consensual, em acordo entre mãe-filho, isto é, haverá um tempo e um ritmo próprio, um período da vida da mãe e do filho em que ambos aprendem a dar e receber alimento, aconchego e a se comunicarem de uma maneira nova, que não com os seios. São, portanto, três elementos a serem considerados de grande importância na amamentação: nutrição, afeto e comunicação. Quando ambos três itens estão plenamente supridos sem a amamentação num processo de autonomia e maturidade vindo da criança, um desmame gradual pode ser promovido. Em outras palavras, deve ser resultado de uma maturidade da criança e não uma imposição da mãe ou de outros familiares ou conhecidos, ou ainda médicos.

No segundo ano de vida a criança necessita de vários estímulos, brincar, cantar, dançar, adquire destrezas motoras, e começa o linguajar, que é uma forma poderosa de comunicação. Quando uma criança está em um ambiente seguro, rico em estímulos recebe carinho e atenção também do pai, ela está mais apta ao desmame total com facilidade.

Em termos de desenvolvimento, um desmame antes de 2-3 anos é precoce, o bebê ainda precisa mamar, ainda está em processo de individualização, ainda está na fase oral, os benefícios são muitos, enquanto que a troca por objetos para saciar a necessidade oral não apresenta vantagem alguma. As consequências para o cérebro em desenvolvimento de um bebê que é submetido a mudanças permanentes e abruptas, com interferência de estranhos, choro sem consolo, negação de afeto e as violência emocional podem ser drásticas.

Bons vínculos

Texto de Claudia Rodrigues, jornalista e terapeuta reichiana, sobre desmame e vínculos:


"O desmame abrupto é o pior dos desmames. Quando a mãe retira a criança do peito forçando a introdução da mamadeira retira da criança um prazer evidente e inimitável, cujo calor, textura, cheiro e sabor jamais serão imitados. A criança pode acostumar com o objeto substituto do seio, a mamadeira, e com o novo líquido não apresentando qualquer sintoma imediato, mas é bastante comum que poucos meses após um desmame abrupto comecem a ocorrer distúrbios de comportamento alimentar. Mais cedo ou mais tarde a decepção por ter perdido algo que era tão caro à criança, começa a ser processado. As somatizações, como alergias e intolerâncias a alimentos nem de longe são os piores sintomas. Pode ter menos sorte psíquica à criança que não somatiza nos primeiros anos. O mais cruel e nocivo dos desmames abruptos é aquele que faz com que a criança prove no seio da mãe algo ácido, azedo ou amargo, especialmente quando isso é associado a uma visão terrível (seios pintados, com band-aid, etc.) do seio, objeto que até então só trazia prazer e que aparece repentinamente como algo assustador. Esses sentimentos e impressões ficam inscritos no córtex para o resto da vida, a confusão entre prazer e desprazer ficará gravada e um dos sintomas mais comuns será a inabilidade da pessoa para acreditar que merece prazer e que ele pode ser algo perene, confiável. Perdurará a impressão de que o prazer pode a qualquer momento virar uma ameaça. Nos piores casos a pessoa não consegue buscar o prazer, já caminha diretamente para a punição. A amamentação é o prazer absoluto do bebê e ele deve aos poucos, conforme for crescendo, colocar outros prazeres em sua vida até sentir-se apto para se desligar desse primeiro vínculo com sua pulsão pelo prazer. A mãe pode retirar o peito, mas isso deve ser feito gradualmente, jamais via truques mirabolantes com requintes de perversão e sabotagem ao prazer do bebê".

Não inicie um processo de desmame em momentos conturbados na vida, como início de escola, retorno da mãe ao trabalho, separação dos pais, mudança de casa, doença ou qualquer situação de grande mudança.
Texto excelente de Dra. Elsa Giuliani, pediatra, presidente do Departamento de Aleitamento Materno da SBP, trecho pertinente:
"Já se avançou muito na valorização do aleitamento materno nos últimos tempos. A recomendação da duração da amamentação passou de 10 meses na década de 30 para dois anos ou mais nos dias de hoje. Atualmente, fala-se em desmame natural como a forma ideal de desmame, sem especificar uma idade mínima ou máxima para que esse processo ocorra. Apesar desse avanço ainda estamos longe de encararmos o desmame como um marco do desenvolvimento da criança. Para chegarmos a este estágio, faz-se necessário entender e enfrentar as circunstâncias que, segundo Souza e Almeida, "ultrapassam a natureza e desafiam a cultura e a sociedade".
Fonte:http://www.sbp.com.br/show_item2.cfm?id_categoria=21&id_detalhe=1845&%3Btipo_detalhe=s

Recomendo a leitura das reflexões de Fernanda, nossa moderadora (da comunidade Grupo Virtual de Amamentação, do ORKUT):

"Desmamei a minha mais velha abruptamente com 1 ano e 4 meses. Coisa que demorei a perceber que não foi legal. Durante um tempo, tive o discurso do "era a única forma, foi o melhor para ambas e não deixou sequelas". Mas consegui felizmente rever minha posição (infelizmente não posso voltar no tempo para desfazer as coisas). Eu me sentia extremamente cansada, ela acordava diversas vezes para mamar, dormia mal, comia mal. O desmame noturno (era essa minha intenção inicial) parecia a solução para os meus problemas. Apliquei uma espécie de Dr. Gordon (nem conhecia na época), mas no último estágio já. Decidi que ela não mamaria de meia noite às seis da manhã. Obviamente que ela pediu para mamar e eu neguei e ela chorou bastante. Pelo menos não ficou sozinha, eu fiquei com ela no colo tentando ninar, até que dormiu, mas quase às cinco da manhã. No dia seguinte ainda mamou algumas vezes e no terceiro dia não pediu mais, nem de noite nem de dia. E eu pensei, meus problemas acabaram. Ledo engano. Ela continuou a comer mal e acordar todas as noites durante mais 1 ano quase. Analisando hoje, percebo que ela vinha de um rotavírus (com 1 ano e dois meses), quando ficou praticamente só peito por quase 15 dias e do carnaval, quando ficamos juntas durante 1 semana. Depois retornei ao trabalho e ela à creche, e obviamente que ela transferiu todo esse contato para a noite. Na época, o cansaço extremo e a falta de apoio (já que eu só ouvia "ela é muito grande para ainda mamar") fizeram com que eu não enxergasse o óbvio. O desmame ainda trouxe outros problemas, como a alergia ao LV. Hoje, tenho a oportunidade de fazer diferente com a mais nova, agora com 1 ano e 3 meses, igualmente alérgica a LV (mas no caso dela mais grave, a alergia manifestou-se ainda recém-nascida e faço dieta de LV e derivados desde então).Ela é uma menina feliz, esperta, independente, embora um pouco insegura com grupos e lugares novos, especialmente sem minha presença. Acredito que o desmame abrupto não a impediu de avançar em vários aspectos, mas que também não foi inocente e salvador como já cheguei a acreditar. Também preciso dizer que o desmame abrupto trouxe problemas para mim. Duas mastites seguidas, tamanha a quantidade de leite que ainda produzia, mesmo sem estímulo, e ainda precisei tomar remédio para secar".
Palavras da pediatra Dra. Relva sobre desmame repentino:
"O bebê mama não só para se alimentar, mas para criar um ambiente 'interno' benigno, de chamado á vida.

"Aparentemente, após algum tempo o indivíduo será capaz de constituir memórias de experiências sentidas como boas, de modo que a experiência da mãe sustentando a situação torna-se parte do eu, é assimilada dentro do ego" / Winnicott. Então, amamentar vai muito além das proteínas, gorduras e sais minerais".

Peito é peito, é natural, é o primeiro contato que o bebê tem, é sua fonte de nutrição e de sucção não nutritiva natural também. Chupeta é uma imitação pobre e artificial do peito, e veio depois do peito, foi inventada. Portanto, na verdade o bebê não faz o peito de chupeta, ele faria a chupeta de peito. No peito ele mama, tem o aconhego dos braços da mãe, leitinho, conforto. Na chupeta não tem nada disso, é somente um objeto borrachudo sem cheiro, contato materno, aconchego da mamãe.
Nesse tópico: "Mitos de amamentação realidades", da Comunidade do Orkut, há trechos pertinentes:

Mito 13: Sugar sem o propósito de alimentar-se (sucção não nutritiva) não tem objetivo.
Realidade: As mães com experiência em amamentação aprendem que os padrões de sucção e as necessidades de cada bebé variam. Ainda que as necessidades de sucção de alguns bebés sejam satisfeitas primordialmente quando mamam, outros bebés requerem mais sucção ao peito, mesmo quando tenham acabado de mamar a alguns minutos. Muitos bebés também mamam quando têm medo, quando se sentem sós ou quando sentem alguma dor.
Mito 14: As mães não devem ser a "chupeta" do filho. Realidade: Consolar e suprir as necessidades de sucção ao peito é o que preparou a natureza para mães e filhos. As chupetas são um substituto da mãe quando ela não está. Outras razões para oferecer a mama para acalmar o bebé incluem um melhor desenvolvimento oral e facial, o prolongamento da amenorreia, evitar a confusão de sucção e estimular uma produção adequada de leite que assegure um índice mais elevado de êxito da amamentação. Além disso, um bebé tranquilo que encontra consolo em sua mãe terá um desenvolvimento emocional fortalecido.
Desmames não promovem independência, pelo contrário. O peito não é responsável pelo comportamento do bebê, e sim a própria FASE de desenvolvimento que se encontram e atitudes materna e paterna.
Leituras essenciais:
A necessidade do apego - A Ciência da Paternidade
Tradução de um capítulo do livro "The Science of Parenting":

"Os mamíferos jovens se apegam a um adulto que lhes inspira confiança quando se sentem inseguros. Alguns pais se irritam quando seus filhos são apegados, os animais não".

Quando uma criança se agarra a um adulto, ela tenta reduzir o seu alto grau de excitação física e seus elevados níveis de substâncias químicas estressantes. Ao mesmo tempo, tenta ativar as preciosas substâncias cerebrais que produzem sentimentos de bem-estar. Ela não pode conseguir sem sua mãe, que é sua base neuroquímica infalível. A criança não é mimada nem quer "chamar a atenção" quando se agarra. Ela se sente insegura e procura ajuda. Ao agarrar-se, ela pretende um equilíbrio emocional mais tranquilo e positivo.

O que revelam as pesquisas

Os estudos demonstraram que quando a criança cumpre um ano, as mães que tinham atendido rapidamente o seu choro tinham filhos que choravam muito menos que aquelas que haviam optado por deixar chorar. Apesar de que alguns pensam que as crianças se apegam porque foram muito mimadas e queridas, "mal acostumados" por excesso de atenção, não há provas que corroborem a teoria segundo a qual o apego ansioso é resultado do afeto e atenção excessivas por parte dos pais. O apego prolongado é muito mais provável quando os pais não responderam bem às necessidades de dependência do seu filho. Alguns pais obrigaram a criança a ser independente enquanto ela ainda não se encontrava geneticamente madura para isso.

Quando deixa de ser apegado?
Os pais muitas vezes temem que o desconsolo de seus filhos no momento da separação não desapareça. Mas, quem ouviu falar de um adolescente que se desfaça em lágrimas quando seus pais lhe dizem que vão ao cinema de tarde? Quando a criança cresce, o sistema de angústia da separação do seu cérebro inferior se debilita de forma natural. Na puberdade, o aumento de testosterona e de estrogênios o suprimem mais ainda. A afirmação: "Se aceito que ele se apegue tanto agora, ele nunca vai ser independente" é inexata em termos de desenvolvimento físico e cerebral da criança.
Algumas crianças que não receberam uma resposta emocionalmente válida entram num estado de falsa independência. Eles têm profunda vergonha de sentir uma necessidade desesperada de afeto e deparar-se com um rechaço ou uma crítica, ou que lhes digam que já são grandinhos para isso. Para fazer frente a essa dor, algumas crianças adotam uma atitude de: "Não preciso da mamãe!", endurecem seus corações e desenvolvem uma insensibilidade emocional para suas necessidades afetivas. Isso pode provocar todo tipo de desgraças, de amores atormentados ao medo às relações íntimas na idade adulta.

Se o seu filho se agarra a você, lembre-se do grande investimento que você fará na sua saúde mental a longo prazo se você lhe responde com afeto e consolo. Lembre-se dos efeitos duradouros anti-estresse da ativação da ocitocina, que deriva do afeto físico. Lembre-se dos estudos de outros mamíferos, que demonstram que os bebês que recebem carícias afetuosas são mais capazes de afrontar o estresse, apresentam respostas muito menos temerosas frente à vida, são psicologicamente mais fortes e até envelhecem melhor!

A NATUREZA DA DEPENDÊNCIA
Recentemente, conversei com uma amiga que teve seu primeiro bebê há seis meses. Essa amiga comentou que iria começar a dar a mamadeira para seu bebê de forma que ele pudesse ter comida sempre que desejasse. O que eu realmente pude sentir foi que ela creditava que poderia, através disso, ensinar seu bebê a ser mais independente e que, por isso, talvez, sentisse que a dependência de sua criança fosse causada por uma deficiência dela. Nota-se que minha amiga partilha das concepções erradas que existem atualmente de que a dependência é ruim e a independência é algo que pode ser ensinado. Mas ai existe um engano. A independência é uma condição que surge da própria relação da criança com a dependência.

Nós temos um preconceito cultural muito grande em relação à dependência. Qualquer emoção ou comportamento que indique fraqueza representa dependência. Isto fica evidente na maneira como nós forçamos nossas crianças a realizarem coisas que estão além de seus limites pessoais. Com isso, estamos afirmando que os padrões externos são mais importantes que a experiência interna da criança. Fazemos isso quando desmamamos nossas crianças em vez de confiar e acreditar que elas possam fazer isso por sua própria conta e na hora certa; quando nós insistimos que nossas crianças se sentem à mesa e comam toda a comida só porque achamos que o alimento que escolhemos é mais saudável e eficiente, em vez de confiarmos, que eles comerão bem, comendo o que está de acordo com o apetite deles; e quando nós os treinamos para a higiene numa idade muito precoce em vez de confiar que eles aprenderão usar o banheiro quando eles estiverem neurologicamente prontos.

Quando nós, que somos pais, assumimos que sabemos o que é melhor para nossas crianças no que diz respeito à experiência interna deles, e que somos nós que temos que lhes mostrar quando e como realizar determinadas tarefas características do desenvolvimento humano básico, nós os ensinamos que os padrões externos são mais importantes e mais precisos do que os que eles sentem e pensam.
Dois estudos científicos recentes refletem este preconceito cultural que despreza a fraqueza e a dependência das crianças. Um dos estudos comparou crianças que iam ser e estavam no colo de suas mães e crianças que foram vacinadas sem a presença de suas mães. As crianças que foram vacinadas na ausência de suas mães choraram muito menos. De posse desses dados, os investigadores concluíram que seria melhor que os pediatras desencorajarem a presença das mães durante vacinação porque as crianças poderiam controlar melhor suas reações às injeções na ausência delas. Obviamente, os investigadores deste estudo foram parciais no que diz respeito às expressões emocionais e acreditaram que a expressão emocional das crianças sob tensão era uma forma de fraqueza.
Minha experiência é bem diferente. Eu notei que meus quatro filhos comportam-se de formas diferentes quando nós estamos em viagens ou estamos longe de casa. Nas viagens, eles controlam bem coisas, se dão bem entre si, e aceitam horas irregulares de sono irregulares ou mudanças na alimentação, mas ao voltar para casa é que as coisas mudam. Em casa, eles brigam, choram, e brincam. Eu acredito que esse é um comportamento normal para pessoas de todas as idades. É comum que as pessoas se unam quando enfrentam uma situação estressante ou então, isolarem-se e mesmo brigarem quando estão em território seguro. Para uma criança, o território seguro é a casa, a mãe, ou o pai.
Então, era perfeitamente normal para aquelas crianças que iam ser vacinadas, chorassem sob a tensão da experiência, na presença de suas mães. A presença das mães dava-lhes liberdade e confiança para que chorassem. A conclusão deste estudo poderia ser: Que é melhor que as mães das crianças estejam presentes quando as crianças forem vacinadas. Assim elas podem controlar melhor a sua experiência de sentir medo, expressando-o.
Um estudo administrado por Margaret Burchinal da Universidade de Carolina do Norte em Chapell Hill, e publicado em fevereiro 1987 na Psychology Today, compararam crianças jovens que foram cuidadas em casa por suas mães desde o nascimento, com outras crianças que haviam ficado em creches desde a tenra infância. Este estudo concluiu que as crianças criadas fora de casa pareciam menos inseguras do que aquelas que haviam ficado em casa com suas mães. Poderíamos discutir que o que "parece" ser insegurança é uma avaliação subjetiva que não tem bases cientificas. Minha experiência diz que a insegurança é uma resposta absolutamente "apropriada" e normal. As crianças jovens são especialmente sensíveis a pessoas novas em seu ambiente, e esta sensibilidade muda na medida em que seu ambiente se altera. Por exemplo, cada um de meus filhos relaciona-se de forma diferente com estranhos. Esta diferença está diretamente ligada com quantas pessoas nós encontramos fora de nossa casa. Meu quarto filho que cresceu fazendo contato com muitas pessoas que trabalhavam comigo na revista, às vezes parece uma criança mais segura do que minha primeira filha que foi criada num ambiente rural, onde era vivia mais isolada.
As pessoas que estudam animais lhe dirão que bebês animais, conhecidos por sua curiosidade, são mais cautelosos que curiosos. Seria a precaução ou a cautela consideradas uma forma de insegurança? Às vezes agimos como se desejássemos que nossas crianças "surgissem do útero", completamente socializadas, e não aceitamos as experiências que elas têm com o mundo e nem suas personalidades individuais. Mas é simplesmente o passar do tempo que desenvolve a socialização. Não há como apressar isso sem causar problemas.
Quando rejeitamos as expressões de fragilidade da criança - comportamento que nós também rejeitamos em adultos - nós criamos uma guerra dentro delas. Em primeiro lugar, nós estabelecemos um padrão arbitrário de comportamento que pretende determinar o que é melhor para que eles possam construir a própria experiência. Por outro lado, nós lhes ensinamos o hábito de rejeitar respostas imediatas e afetivas em favor da razão e do intelecto.
Foi só recentemente que eu comecei a aprender a aceitar as emoções mais "frágeis" de meus filhos. Quando minha primeira filha (agora com 12 anos) era um bebê, eu ficava assustada cada vez que ela se feria. Eu corria para acudi-la porque eu achava que aquela era uma experiência terrível com qual ela não tinha condições de lidar. Minha resposta exagerada ensinou minha filha a acreditar que se ferir, era uma experiência terrível e insuportável. Já com meu quarto filho eu agi diferente. Quando se fere, ele faz um tremendo barulho. Mas eu não corro ou fico em pânico. Eu não tento fixar nele ideias ou sentimentos que são meus. Ela grita e corre, e eu tive que me treinar para deixa-la se arranjar. Aceitando sua resposta emocionalmente rica, e tratando o dano que ela sofreu com carinho e sem indiferença, observei que sua reação emocional "extrema" normalmente é curta. Quando ela pode sofrer sua realidade emocional completa, ela logo fica livre para abandona-la e entrar em contato com outras realidades que vão surgindo nos momentos seguintes.
Certamente, algum controle de nossos impulsos internos é necessário na medida em que vivemos como seres sociais. É através desse tipo de controle que nós aprendemos o que é um comportamento socialmente aceitável como, por exemplo, usar um banheiro, comer com uma colher, e vestir determinadas roupas. Mas quando este controle da experiência interna pelo intelecto torna-se moralista em vez de ser socializada e prática, quando fica muito extremada, ou quando nós insistimos constantemente em fazer nossos filhos a acreditar que nós sabemos o que é melhor para eles, nós lhes roubamos o direito inato e essencial da auto-regulação.
A criança que cresce com essa falta de senso de auto-regulação, desconfiada de si própria e de sua própria experiência interna, pode se tornar um adulto vitimado por hábitos ruins. Quando eu olho à minha volta e vejo a maioria das pessoas lutando com comportamentos compulsivos - comendo demais, sendo excessivamente responsáveis, fumando cigarros, tomando drogas, se matando de trabalhar, se embebedando com álcool ou que vivem em busca de um guru - tentando de algum modo achar a perfeição fora de si próprio ou tentando se esforçar obsessivamente para encontrar a "perfeição".
Eu acredito que estas compulsões e hábitos têm suas origens nas repressões aparentemente bem planejadas da infância. Uma criança a quem é ensinado exercitar o controle se utilizando padrões externos, cria uma divisão interna que gera conflitos entre o que é imediatamente experimentado e o que se supõe que poderia ser. Aprende a acreditar que há um modo perfeito de ser.
Nossa função como pais, é entender e honrar a natureza de dependência na criança. Dependência, insegurança, e fraqueza são estados naturais para a criança. A bem da verdade, estes são estados naturais para todos nós, mas para as crianças - as crianças especialmente jovens - são condições predominantes. E eles serão superados. Da mesma maneira que nós deixamos de engatinhar e começamos a andar, deixamos de balbuciar e começamos a falar, passamos da condição assexuada da infância para a sexualidade da adolescência, nós atingimos nosso fins. Como humanos, nós nos movemos da fraqueza para a força. Nós passamos da incerteza ao domínio. Enquanto nós nos recusarmos reconhecer as fases que vem antes do domínio, estaremos ensinamos para nossas crianças a odiar e desconfiar de sua própria fraqueza, e os introduzimos numa vida cheia de tentativas de reintegrar as suas personalidades.

Eu não posso insistir na importância de confiar em nossos filhos; de confiar inteiramente neles. Ao aceitarmos as fraquezas deles como também as suas forças, suas emoções feias como também as suas emoções bonitas, os seus desastres, como também os seus triunfos, a dependência deles como também a sua independência, estaremos lhes dando um presente para uma vida inteira Eles serão pessoas inteiras que não estarão em conflito consigo mesmo e, o que é mais importante, não estarão em guerra com outros.

É da natureza da criança ser dependente, e é da natureza da dependência ser superada. Odiar a dependência porque ela não é independência é o mesmo que odiar o inverno porque ele não é a primavera. A dependência vai florescer em independência a seu próprio tempo.
Texto de Peggy O'Mara, Editora da revista Mothering (Maternagem)

E o se o bebê não quer comer?
O desmame não vai melhorar o apetite do bebê, pois é natural e esperado que depois de 1 ano seu apetite diminua mesmo, conforme sua fase de desenvolvimento. Veja explicações do Dr. Gonzalez abaixo:
Importante: Porque param de comer com um ano

Extraído do livro "Mi Niño No Me Come", do Dr. Carlos González

Os bebês comem, em relação ao seu tamanho, muito mais que os adultos. Isso significa que, no processo de tornar-se adultos, cedo ou tarde terão que começar a comer menos. Mais cedo, que tarde, para surpresa e terror de muitas mães. Os bebês costumam "deixar de comer", aproximadamente ao fazer um ano. Alguns já deixam de comer desde os nove meses, outros "aguentam" até um ano e meio ou dois anos. Uns poucos nunca deixam de comer, enquanto outros "nunca comeram bem, desde que nasceram".

O motivo dessa mudança por volta do primeiro ano é a diminuição da velocidade do crescimento. No primeiro ano, os bebês engordam e crescem mais rapidamente que em qualquer outra época da sua vida extra-uterina. Durante o segundo ano, diferentemente, o crescimento é muito mais lento: uns nove centímetros e um par de quilos. Assim temos que, dos três principais capítulos do gasto energético, a energia necessária para movimentar-se aumenta, porque o bebê se move mais e a necessária para manter-se com vida também aumenta, porque o bebê é maior. Mas a energia necessária para crescer diminui de forma espetacular e o resultado é que muitos bebês necessitam comer o mesmo ou menos. Segundo cálculos de especialistas, os bebês de um ano e meio comem pouco mais que os de nove meses. Os pais, não informados deste fato, fazem um cálculo aparentemente lógico: "Se com um ano come tanto, com dois comerá o dobro". Resultado: uma mãe tentando dar o dobro de comida a um bebê que precisa da metade ou menos. O conflito é inevitável e violento.

"Até quando ficam sem comer?" A situação costuma ser transitória. Aconselhadas por avós, vizinhas e pediatras, as mães costumam pensar que seus filhos "mudarão". De fato, muitas crianças com cinco ou sete anos, ao aumentar seu tamanho corporal, começam a comer um pouco mais que antes. Mas, nem sempre este pequeno aumento é suficiente para suprir as aspirações de suas famílias. Por uma parte, a quantidade de alimento que cada pessoa precisa é muito variável e algumas crianças comem mais ou muito menos que seus colegas da mesma idade e tamanho. Por outra parte, as expectativas dos pais podem ser também muito distintas: algumas mães se conformariam que seu filho coma todo o macarrão do prato, outras esperam que além do macarrão coma também um bife com batata, uma banana e um iogurte. Por um motivo ou por outro, muitas crianças continuam sem comer até o início da adolescência. Então, quando o lento crescimento dos anos anteriores se transforma na espichada, os moleques sentem um apetite insaciável e para espanto e alegria de suas mães assaltam a geladeira e metem tudo o que encontram dentro de um sanduíche.

E se o bebê acorda constantemente depois de 1 ano para mamar?
Precisamos analisar sua rotina (ou falta de), apego e proximidade entre mãe e filho, alimentação (produtos industrializados e açucares prejudicam o sono), existência de ritual de sono, sonecas restauradoras, maneira de adormecer, uso de TV e outros fatores.
No caso de confirmarmos uma associação de sugar para dormir existem alternativas suaves para desmame noturno, mantendo-se a amamentação durante o dia, como RG (Técnica da Remoção Gentil) e plano do Dr. Gordon:
"Se o seu bebê está acordando a cada 1 ou 2 horas para ser amamentado ou tomar mamadeira, ou localizar a chupeta, você deve estar se perguntando o que exatamente está fazendo com que ele acorde com tanta frequência. A realidade é que breves acordadas durante a noite é uma parte normal do sono humano, independente da idade. Todos os bebês experimentam isso. A diferença em relação ao seu bebê, que exige cuidados noturnos a cada 1 hora ou 2, é que ele está envolvendo você em todos os momentos em que seu sono fica mais leve.
Seu bebê está fazendo uma "associação para o sono", quando relaciona certas coisas com o momento de adormecer e acredita que precisa dessas coisas para conseguir dormir. O meu bebê, Coleton, levava muito tempo em seus primeiros meses nos meus braços, com sua cabecinha subindo e descendo ao ritmo do teclado do meu computador. Desde o primeiro momento em que nasceu, ele dormia ao meu lado, sendo alimentado para dormir a cada cochilo ou durante a noite. Quando percebi, ele estava com 12 meses, e total e firmemente agarrado a uma associação de "amamentação-para-poder-dormir".
O seu bebê, como o meu Coleton, aprendeu a associar o ato de sugar (tendo o seu bico ou a mamadeira ou a chupeta em sua boca) com o ato de dormir. Eu ouvi um sem-número de especialistas do sono se referir a isso como "associação negativa para o sono". Eu e meu bebê certamente discordamos! Esta é provavelmente a mais positiva, natural, e prazerosa associação para dormir que o bebê pode fazer. O problema com esta associação não é associação em si, mas a nossa vida tão atarefada. Se você não tivesse mais nada a fazer além de cuidar do seu bebê, esta seria uma forma muito gostosa de passar os dias e noites até que seu bebê superasse essa necessidade. Afinal de contas, isso é natural. Você talvez nem veja isso como um problema, porque aliás não é. É tudo uma questão de percepção e de suas necessidades pessoais.
Entretanto, em nosso mundo, poucos pais podem se dar ao luxo de colocar tudo de lado até que os bebês cresçam. Com isso em mente, eu vou sugerir algumas ideias para que você possa gradualmente, e com amor, ajudar o seu bebê a aprender a adormecer sem essa poderosa ajuda.
Para seguir os passos de mudar a associação para dormir do seu bebê, você vai precisar complicar um pouco as noites, mas no final da jornada você pode conseguir que ele não precise mais da chupeta, da mamadeira ou do seu seio como sua única associação para a hora da cama. Em outras palavras, prepare-se para interromper suas próprias noites por um período em troca de conseguir mudanças importantes, valiosas e de longo prazo.
O plano de Remoção Gentil de Pantley
Quando seu bebê acordar, vá em frente e lhe dê a chupeta ou a mamadeira, ou o amamente. Mas, em lugar de resolver tudo e voltar para a cama ou deixar que ele adormeça no peito, deixe-o sugar por alguns minutos até que o ritmo diminua e ele comece a relaxar para dormir. E então interrompa a sucção com o dedo e gentilmente retire a chupeta ou o bico.
Quase sempre, e especialmente nas primeiras vezes, o seu bebê vai se assustar e se voltar para o bico. Tente muito gentilmente manter sua boquinha fechada, colocando seu dedo sob o queixo do bebê, mantendo uma pequena pressão, ao mesmo tempo em que o vai acalentando ou ninando. Se ele lutar contra isso e chorar pedindo por você ou a mamadeira ou a chupeta, vá em frente e dê a ele o que ele quer (chupeta, mamadeira ou o peito), mas repita o processo tantas vezes quanto seja necessário até que ele adormeça.
Quanto tempo devo esperar até retirar a chupeta, bico ou mamadeira? Cada bebê é diferente, mas cerca de 10 a 60 segundos entre as retiradas normalmente funciona. Você também deve observar o ato de sugar do seu bebê. Se o bebê suga com força ou engole regularmente quando está sendo alimentado, espere mais alguns minutos até que ele diminua o ritmo. Normalmente após o primeiro impulso de atividade, seu bebê vai diminuir para um ritmo mais relaxado, e mais "trêmulo"; esta é uma boa hora para começar a técnica da Remoção Gentil.
Isso pode levar de duas a dez (ou até mais) tentativas, mas eventualmente o seu bebê vai adormecer sem a chupeta ou o bico em sua boca. Quando isso acontecer um número de vezes por um período de dias, você vai notar que a técnica da remoção vai ficar muito mais fácil, e as acordadas durante a noite serão menos frequentes.
"Nós chamamos isso de "the Big PPO (Pantley-Pull-Off)" [o Grande Puxão de Pantley]. No começo Joshua pressentia o que ia acontecer e agarrava meu bico com força por antecipação - ai! Mas você disse para persistir, e eu fiz. Agora ele pressente o PPO e na realidade deixa acontecer e se vira de lado e vai dormir! Eu estou verdadeiramente impressionada." - Shannon, mãe de Joshua, de 16 meses
Se o seu bebê não dorme bem durante o dia, não se preocupe em utilizar a Remoção Gentil para os cochilos durante o dia. Lembre-se que cochilos regulares significam melhores noites de sono - e melhores noites de sono significam melhores cochilos diurnos. Só quando seu bebê começar a dormir melhor durante a noite, você deve então trabalhar em relação aos cochilos do dia.
A melhor hora para usar o Plano de Remoção Gentil de Pantley é o primeiro adormecer da noite. Geralmente o modo como seu bebê adormece vai afetar o resto de suas acordadas pela noite. Eu suspeito disso por causa da associação para o sono que expliquei antes. Parece que a forma como o bebê adormece é como ele espera ficar por toda a noite.
Pare de alimentar um bebê adormecido
Eu sou uma seguidora da regra de "nunca deixar o bebê chorando", e levei isso muito a sério. O que eu não entendi, embora, é que os bebês produzem sons enquanto dormem. E esses sons não significam que o bebê precisa de você. Os bebês gemem, grunhem, fungam, resmungam e até choram enquanto dormem. E podem até mesmo ser alimentados sem acordarem.
O próximo passo para ajudar seu bebê a dormir por períodos maiores é determinar a diferença entre os barulhos do sono e o choro de quem está acordado. Quando ouvir um barulho: Pare. Ouça. Espere. Olhe. Quando ouvir atentamente os barulhos do bebê, e observar, você vai aprender a diferença entre os ruídos do sono e os ruídos do tipo "Estou acordando e preciso de você agora".
"Noite passada eu o estava alimentando e retirei o bico e coloquei o dedo em seu queixo. Eu estava pensando, "Isso nunca vai funcionar; ele vai ficar louco!" - mas funcionou, e ele foi dormir! O outro truque também está funcionando. Quando eu o retiro do peito e deito de lado, ele pensa que estou dormindo, e vai dormir também! - Carol, mãe de Ben, de 9 meses
Mudando a sua rotina
Geralmente nós temos uma rotina que temos seguido com nosso bebê desde o nascimento. O passo final antes de dormir é sempre amamentar ou dar uma mamadeira. Alguns bebês continuam com este padrão e ainda dormem durante a noite. Outros, entretanto, precisam de uma mudança nesse último passo antes de conseguirem dormir a noite toda.
O que você deve fazer é dar uma olhada objetiva em seus passos finais da rotina de colocar o bebê para dormir e fazer algumas mudanças, se necessário. Você pode usar massagem, carinhos ou músicas de ninar para ajudar seu bebê a adormecer. Eventualmente estes passos vão substituir a mamada ou a mamadeira, e aos poucos os dois ficarão mais suaves, e seu bebê vai estar dormindo por períodos mais longos.

"Eu mudei a forma de colocar Carlene para dormir, e está funcionando! Em vez de alimentá-la até dormir, eu só a amamento até que fique relaxada e depois deixo que faça o que quiser no quarto em penumbra comigo. Quando ela esfrega os olhinhos e parece com sono, eu a coloco em seu berço. Eu fico lá, ao lado do berço, incentivando-a a dormir. Eu digo, 'Shhhhh, está na hora de dormir, feche os olhinhos, garotinha sonolenta', e digo a ela que vai ser bom dormir. Eu acaricio sua cabeça ou sua barriga. Ela fecha os olhos bem na hora em que faço isso. Está sendo uma grande novidade." - Rene, mãe de Carlene, de 7 meses
Paciência, paciência, e um pouco mais de paciência

Respire fundo e repita comigo: "Isso tudo vai passar". Você está no meio do furacão agora, e está difícil. Tenha em mente que a aparente falta de habilidade do seu bebê em dormir sozinho não é culpa dele. Ele vem fazendo as coisas dessa maneira desde que nasceu, e ficaria completamente feliz em manter tudo como está. Seu objetivo de ajudá-lo a se sentir amado e seguro enquanto descobre formas de adormecer sem precisar de você - sem que você caia na tentação de deixá-lo chorando sozinho no escuro - é admirável. Você tem estas melhores intenções em seu coração. Seja paciente, siga as sugestões para ajudar seu bebê, e quando menos esperar, ele estará dormindo como um anjinho. E você também. Então suas preocupações vão se voltar para a próxima fase desta magnífica, desafiante e recompensadora experiência que chamamos de maternidade/paternidade.
Retirado do livro "Soluções para Noites Sem Choro", de Elizabeth Pantley

Quando há troca do seio materno por um consolo oral em objetos a tendência é de um apego a objetos oralizantes, num hábito prolongado.
Preciso tomar medicamentos e o médico ordenou o desmame!
A maioria dos medicamentos é compatível com amamentação. Pesquise antes de promover um desmame precoce.

Não conheço nenhum bebê maior de 1 ano que mama no peito, não é hora de desmamar?

Apoio às mães que amamentam após um ano
Por Carlos González
As mães que continuam amamentando após um ano enfrentam muitos problemas, sobretudo devido às críticas de quem crê que isso "não é normal" e as ameaçam com todo tipo de doenças e catástrofes. Na realidade, não se conhece qual é a idade "natural" do desmame no ser humano. Cada cultura tem a esse respeito seus próprios costumes, apesar de que nenhuma desmama tão cedo quanto á cultura ocidental do século XX.
A antropóloga norte-americana Katherine Dettwyler abordou a questão a partir da zoologia comparada, generalizando uma hipotética idade para o desmame no ser humano a partir dos dados referentes a outros primatas, a partir de vários parâmetros que se correlacionam de forma mais ou menos exata com a amamentação:
a) Segundo o peso do nascimento: costuma-se dizer que os mamíferos se desmamam quando triplicam o peso do nascimento. Isso só é válido para os animais pequenos; os animais de tamanho parecido com o nosso se desmamam após quadruplicar o peso do nascimento, o que seria aproximadamente aos dois anos e meio;
b) Segundo o peso do adulto: muitos mamíferos se desmamam ao alcançar aproximadamente a terça parte do peso do adulto. Como em nossa espécie o homem adulto é maior, isso representaria um desmame mais tardio: os meninos com sete anos (ao alcançar os 23 kg), e as meninas um pouco antes dos seis anos (com 19 kg);
c) Segundo o peso da mãe: os pesquisadores Harvey e Clutton-Brock constataram que, em um grande número de primatas, a idade do desmame em dias é igual ao peso de uma fêmea adulta em gramas multiplicado por 2,71. Aplicando essa fórmula a uma mãe de 55 quilos, corresponderia a desmamar aos três anos e quatro meses.
d) Segundo a duração da gestação: a relação entre a duração da amamentação e a duração da gestação é muito variável entre os primatas, mas parece ter relação com o tamanho dos indivíduos. Nos macacos pequenos, essa relação costuma ser inferior a dois; mas entre nossos parentes mais próximos (em parentesco e tamanho), a relação é de 6,4 para o chimpanzé e de 6,18 para o gorila. Se assumirmos que para o ser humano essa relação deverá ser também superior a 6, o resultado é um mínimo de quatro anos e meio de amamentação.
e) Segundo a dentição: o desmame pode acontecer em muitos primatas quando ocorre a erupção do primeiro molar permanente, o que corresponderia aos 6 anos do ser humano.
Em conclusão, Dettwyler supõe que a idade normal do desmame no ser humano é entre os dois anos e meio e os sete anos.
No congresso espanhol de grupos de mães, ocorrido no ano de 2001 em Zaragoza, realizamos uma pesquisa para averiguar qual era a duração da amamentação entre as mães participantes, e que vantagens e desvantagens encontravam as mães que amamentam bebês após um ano. Trata-se de uma amostra altamente selecionada (mães com suficiente interesse e meios econômicos para participar do evento), e que de modo algum representa a sociedade espanhola. Mas nos permite afirmar que a amamentação depois de um ano existe, ainda que seja em um grupo pequeno.
Responderam ao questionário 95 mães que juntas têm 174 filhos. Trabalham fora de casa 74, e 78 haviam amamentado mais de um ano. Somente 15 mães haviam praticado amamentação tandem (ou seja, amamentado dois filhos de idades diferentes ao mesmo tempo). Portanto, não é preciso ser dona de casa para amamentar por mais de um ano.
O resultado foi o seguinte:
Formação - Total - Amamentaram por mais de 1 ano. Isso contrasta com a situação tradicional de algumas décadas, em que apenas as mães pobres de zonas rurais amamentavam após 1 ano de idade. É precisamente entre as mães mais cultas e informadas que se recupera a prática da amamentação.
No momento da entrevista, 109 bebês haviam sido desmamados, com uma idade média de 19,1 meses, enquanto que 65 seguiam mamando, com una idade média de 20,9 meses. Ou seja, que já superaram a média e continuam mamando, o que fará com que a média global aumente muito quando ocorrer o desmame dessas 65 crianças.
A comparação entre os filhos de uma mesma mãe mostra também um incremento progressivo na duração da amamentação. Entre 20 mães com três filhos ou mais, a duração média da amamentação do primeiro filho foi de 12,8 meses. Do segundo filho, um (50 meses) ainda mamava, e os demais haviam sido desmamados com uma idade média de 19,3 meses. Do terceiro filho, 13 seguiam mamando (idade média de 25,9 meses) e 7 estavam desmamados (com média de idade de 29,3 meses). Podemos dizer que a amamentação prolongada foi tão satisfatória para essas mães, que repetiram e aumentaram a dose com os demais filhos. Com certeza, também há mães que não tiveram uma experiência satisfatória na amamentação, e é provável que estas mães não participem de congressos de amamentação.
Responderam da seguinte forma à pergunta de se as pessoas relacionadas apoiaram ou criticaram a amamentação (pergunta feita a todas as mães, incluindo as que desmamaram antes de 1 ano de idade):

Considerando que cada mãe pode ter vários amigos ou vários pediatras, alguns grupos apareciam ao mesmo tempo aprovando e criticando. Observamos que o papel dos profissionais de saúde é em geral negativo, salvo no caso das parteiras. E, em todo caso, parecem influenciar menos, tanto para o bem como para o mal, que parentes e amigas. Como se nos mantivéssemos à margem.

Destaque muito positivo para o papel do marido, que quase nunca critica e que é a pessoa que mais aprova. Duvidamos que isto reflita um grande interesse pela amamentação entre os maridos espanhóis em geral, e achamos que, na verdade, aconteceu uma seleção natural: o apoio incondicional do marido é quase imprescindível para que uma mãe consiga a amamentar, desfrutar da sua experiência, envolver-se num grupo de apoio e participar de um congresso sobre amamentação. Por último, perguntamos o que foi mais agradável e o que foi mais desagradável ao amamentar bebês maiores de 1 ano:
O que é mais agradável ao amamentar bebês maiores de 1 ano:
Contato físico, olhar, vínculo - 36
Relação especial, amor, algo teu - 34
Felicidade materna, realização pessoal - 20
Comodidade e liberdade - 14
O melhor alimento - 12
Bebê feliz - 10
Consolo ou calma para o bebê - 8
É algo natural - 3
Mais saudável para o bebê - 6
Carinho - 1
O que é mais desagradável ao amamentar bebês maiores de 1 ano:
Críticas de outras pessoas - 33
Nada - 14
Mamadas noturnas - 10
Pedir muito quando a mãe não deseja - 4
Difícil de conciliar com irmãos maiores - 4
Mordidas - 4
Desmame - 4
Falta de informação profissional e de apoio social - 4
Dependência - 4
Sensação de que não vai deixar de mamar - 2
Não poder sair de noite - 2
Dificuldade para conciliar com inquietudes maternas - 2
Desinformação (medo absurdo) - 1
Problemas mamários (mastites, rachaduras) - 1
Angústia - 1
Conforme era esperado, essas mães encontram muito mais satisfações que problemas (de outro modo, não o teriam feito). Entre as vantagens se dá muito mais importância aos aspectos afetivos e psicológicos que à nutrição e à saúde física; enquanto que entre os inconvenientes destacam-se as críticas recebidas de outras pessoas, e um grande número de mães espontaneamente afirmam que não houve nada desagradável em sua experiência.
Portanto, a amamentação após um ano de idade do bebê é uma realidade entre algumas mulheres espanholas, sobretudo de classe média-alta, e parece que a prática está crescendo. É preciso que nós profissionais de saúde adotemos um papel mais efetivo de apoio às mães que amamentam, e que contribuamos na educação da população para que estas mães recebam o respeito que merecem.

Fonte: Stuart-Macadam P, Dettwyler K. Breastfeeding. Biocultural perspectives. Aldine de Gruyter, New York, 1995.

Tradução: Fernanda Mainier
Revisão: Luciana Freitas
Original em espanhol: http://www.dardemamar.com/Lactancia_prolongada_por_Carlos_Gonzalez.pdf

Acho que chegou mesmo a hora e não quero esperar pelo desmame espontâneo, como faço o desmame gradual?
Dicas do livro "Gentle Baby care", de Elizabeth Pantley
Primeira é importante a questão: PORQUE desmamar? Pergunte-se a razão da sua decisão. Não há uma época definida para o desmame, pois esse processo é muito diferente para cada mamãe e bebê. Não há uma razão padrão para a decisão do desmame. As razões são tão variadas quanto ás próprias mães e crianças amamentadas. Cada filho seu vai precisar de uma decisão separada sobre o desmame.
1) devagar é melhor: se você permitir que o processo ocorra gradualmente (num período de alguns meses), seu bebe e seu corpo irão se ajustando fazendo o processo mais fácil para ambos.
2) o primeiro passo para o desmame: tente o método: "não ofereça, não recuse": Isso funciona como um "teste" de quão fácil ou difícil o desmame será. Continue amamentando quando seu bebe pedir, mas não ofereça o tempo todo, automaticamente como algumas mães até acostumam a fazer.
O que pode ser surpreendente é descobrir que algumas crianças estão tão prontas quanto às mães para começar o processo de desmame. Nesse caso, elas estarão abertas a uma rotina que não inclua amamentação.
3) distração funciona! Bebes são ativos, ocupados sempre, tire proveito dessa característica e tente distrai-lo com alguma coisa na hora que ele pede para mamar. Por exemplo, se seu filho geralmente mama quando acorda, você pode chegar com um brinquedo legal ou abrir as janelas e convide-o para ver os passarinhos lá fora. Nas primeiras vezes que você fizer isso seu bebe pode ficar confuso e reclamar um pouco, mas persista um pouco com a distração. Tente mais algumas vezes, mas se o bebe reclamar, chorar muito, amamente. Continue tentando de novo mais pra frente, um belo dia seu bebe vai te surpreender e pedira pra abrir a janela para ver os passarinhos. Na hora de dormir, uma dica: se você sempre da de mamar apos contar uma estória, prolongue essa estória de modo que ele durma antes do fim.

4) Num minutinho: a tática do "atraso": "Você pode mamãe, depois que eu terminar de dobrar as roupas", ai quando você olhar ele vai estar ocupado com outras coisas. Ofereça o peito apos terminar com as roupas, se seu bebe ainda quiser. Isso reforça a confiança e mostra ao seu bebe que você não esta ignorando suas necessidades. Você pode até tentar mais atraso: "Vamos esperar a hora da soneca".
Isso pode ser um modo efetivo de reduzir o número de sessões de amamentação diária.

5) Substitua leite materno por comidas sólidas: Outra técnica que pode ajudar é substituir a mamada por mais comidas (se seu bebe já come e gosta comidas solidas, mais de 1 ano de idade). Se isso já acontece você pode tentar substituir outras formas de conforto e atenção das mamadas por coisas como ler livros, abraços, brincar juntos.

6) Evite seus cantinhos de mamar: a maioria das mães tem um ou dois lugares favoritos para mamar, uma poltrona por exemplo. Se você quiser encorajar o desmame evitar esses lugares que podem despertar no seu bebe o desejo de mamar. Encontre outros lugares e combine essa dica com a técnica de distração (número 3).
7) Encurte as sessões de mamar: outro passo em direção ao desmame é encurtar o tempo que você geralmente amamenta seu filho, e tente incluir uma distração no final da sessão.
8) Substitua brincar por mamar: Algumas mães (as vezes mesmo sem perceber) usam a hora de amamentar como uma maneira de ter um tempo quieto e relaxante com seus bebes. Faça uma decisão consciente de substituir essa sessão de mamar por uma sessão de brincadeiras, em que você da atenção completa o tempo todo. Seu bebe pode ficar tão contente com isso que poderá até esquecer de pedir para mamar.
10) A dança do desmame: não se surpreenda se seu bebe "captar" seu desejo de desmamar e de repente pedir para mamar como um recém-nascido! Essa é uma resposta natural a uma grande mudança na vidinha deles. Se você atender os desejos e der de mamar por 1-2 dias, isso geralmente passa, e você pode seguir em frente na direção do desmame de novo.
Geralmente o progresso de amamentar o tempo todo- não amamentar NÃO 'é uma linha reta, 'é mais como uma dança. Mas se você guiar essa dança com afeto e sensibilidade, você acabara dançando no ritmo que escolheu.

Livros recomendados: "How weaning happens", Diane Bengson, La Leche League International, 2000.
"Mothering your nursing toddlre", Norma Jane Bumgarner,La Leche League International, 2000

Desmame: fatos e mitos


O texto é do Boletim Cientifico da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, maio de
2005.

Elsa Regina Justo Giugliani*


O homem é o único mamífero em que o desmame (aqui definido como a cessação do aleitamento materno) não é primariamente determinado por fatores genéticos e instinto, sendo fortemente influenciado por fatores
socioculturais. Hoje, ao contrário do que ocorreu por pelo menos dois milhões de anos, ao longo da evolução da espécie humana, a mulher opta (ou não) pela amamentação e, influenciada por múltiplos fatores, decide por quanto tempo vai (ou pode) amamentar. Muitas vezes, as preferências
culturais (não amamentação, introdução precoce de outros alimentos na dieta da criança, amamentação de curta duração) entram em conflito com a expectativa da espécie. Algumas consequências dessa divergência já puderam ser observadas, como desnutrição e alta mortalidade infantis, sobretudo em áreas menos desenvolvidas.


Porém, as consequências a longo prazo ainda não são totalmente conhecidas, já que transformações genéticas não ocorrem com a rapidez com que podem ocorrer mudanças de hábitos. Começam a ser mostradas evidências de que o não amamentar segundo as expectativas da espécie pode ter repercussões negativas ao longo da vida dos indivíduos. Assim, a não-amamentação ou amamentação sub-ótima podem favorecer o aparecimento de doenças alérgicas, diversas doenças do sistema imunológico, alguns tipos de cânceres, obesidade, diabete e doenças cardiovasculares, além de interferir negativamente no desenvolvimento oro-facial. Provavelmente, com o aparecimento de novas pesquisas nessa área, outros males serão relacionados com os hábitos "modernos" de alimentação infantil, mas alguns aspectos
dificilmente podem ser quantificados, especialmente os relacionados com a
psique humana.

Atualmente, em especial nas sociedades ocidentais, a amamentação é vista primordialmente como uma forma de alimentar a criança, sob o controle total dos adultos. Assim, perdeu-se a percepção da amamentação como um processo mais amplo, complexo, envolvendo intimamente duas pessoas e com repercussão na saúde física e no desenvolvimento cognitivo e emocional da criança, além de repercussões para a saúde física e psíquica da mãe. Hoje, em muitas culturas "modernas", a amamentação prolongada (cujo conceito varia de acordo com a "convenção" da época e do local) frequentemente é vista como um distúrbio inter-relacional entre mãe e bebê.
Quadro 1 - Sinais sugestivos de que a criança está madura para o desmame mãe e bebê.
Idade maior que um ano. Menos interesse nas mamadas. Aceita variedade de outros alimentos. É segura na sua relação com a mãe. Aceita outras formas de consolo. Aceita não ser amamentada em certas ocasiões e locais. Às vezes dorme sem mamar no peito. Mostra pouca ansiedade quando encorajada a não amamentar. Às vezes prefere brincar ou fazer outra atividade com a mãe ao invés de mamar.
Perdeu-se a noção de que o desmame não é um evento e sim um processo, que faz parte da evolução da mulher como mãe e do desenvolvimento da criança, assim como sentar, andar, correr, falar. Nesta lógica, assim como nenhuma criança começa a andar antes de estar pronta, nenhuma criança deveria ser desmamada antes de atingir a maturidade para tal.

Em harmonia com esta linha de pensamento, Dr. William Sears, um antigo pediatra, recomendava: "Não
limite a duração da amamentação a um período pré-determinado. Siga os sinais do bebê. A vida é uma série de desmames, do útero, do seio, de casa para a escola, da escola para o trabalho. Quando uma criança é forçada a entrar em um estágio antes de estar pronta, corre o risco de afetar o seu desenvolvimento emocional". Essas palavras sábias podem ter pouco respaldo em sociedades individualistas, que tendem a acelerar o processo de independização do ser humano, substituindo o seio por métodos de autoconsolo como chupetas, paninhos, mantinhas, ursinhos, etc. Segundo diversas teorias, o período natural de amamentação para a espécie humana seria de 2,5 a sete anos. Atualmente, a Organização Mundial da Saúde recomenda aleitamento materno por dois anos ou mais, sendo exclusivo nos primeiros seis meses. Apesar dessa recomendação, poucas mulheres no Brasil amamentam por mais de dois anos.
As razões para a não amamentação prolongada variam desde dificuldade em conciliar a amamentação com outras atividades, até crença de que aleitamento materno além do primeiro ano é danoso para a criança sob o ponto-de-vista psicológico. Uma parcela de mães, apesar de demonstrar desejo em continuar a amamentação, sente-se pressionada a desmamar por profissionais de saúde, seus maridos, parentes, vizinhos e amigos.
Para a manutenção do paradigma que sustenta a afirmação de que amamentação prolongada não é natural, foi necessário criar vários mitos, tais como o de que uma criança jamais desmama por si própria, que a amamentação prolongada é um sinal de problema sexual ou necessidade materna e não da criança e que a criança que mama fica muito dependente.

Algumas mães, de fato, desmamam para promover a independência da criança. No entanto, é importante lembrar que o desmame provavelmente não vai mudar a personalidade da criança. Além disso, o desmame forçado pode gerar insegurança na criança, o que dificulta o processo de independização.
O desmame pode ser agrupado em quatro categorias básicas: abrupto, planejado ou gradual, parcial e natural. Sob a ótica de que o desmame é um processo de desenvolvimento da criança, parece razoável afirmar que o ideal seria que ele ocorresse naturalmente, na medida em que a criança vai adquirindo
competências para tal. No desmame natural, a criança se autodesmama, o que pode ocorrer em diferentes idades, em média entre dois e quatro anos e raramente antes de um ano. Costuma ser gradual, mas às vezes pode ser súbito como, por exemplo, em uma nova gravidez da mãe (a criança pode estranhar o gosto do leite, que se altera, e o volume, que diminui). A mãe também participa ativamente no processo, sugerindo passos quando a criança estiver pronta para aceitá-los e impondo limites adequados à idade. O Quadro 1 apresenta os sinais indicativos de que criança pode estar pronta para iniciar o desmame. É importante que a mãe não confunda o autodesmame natural com a chamada "greve de amamentação" do bebê. Esta ocorre principalmente em crianças menores de um ano, é de início súbito e inesperado, a criança parece insatisfeita e em geral é possível identificar uma causa: doença, dentição, diminuição do volume ou sabor do leite, estresse e excesso de mamadeira ou chupeta.
Essa condição usualmente não dura mais que 2-4 dias. Algumas vantagens do desmame natural encontram-se no Quadro 2.
O desmame abrupto é desencorajado, pois se a criança não está pronta, ela pode se sentir rejeitada pela mãe, gerando insegurança e muitas vezes rebeldia. Na mãe, o desmame abrupto pode precipitar ingurgitamento mamário, bloqueio de ducto lactífero e mastite, além de tristeza ou depressão, por luto pela perda da amamentação ou por mudanças hormonais. Muitas vezes a mulher se depara com a situação de querer ou ter que desmamar antes de a criança estar pronta. Nesses casos, o profissional de saúde, em especial o pediatra, deve respeitar o desejo da mãe e ajudá-la nesse processo.

O Quadro 3 apresenta os fatores que facilitam o encorajamento do bebê para o
desmame. A técnica utilizada para fazer a criança desmamar varia de acordo com a idade da mesma. Se a criança for maior, o desmame pode ser planejado com ela. Pode-se propor uma data, oferecer uma recompensa e até mesmo uma festa. A mãe pode começar não oferecendo o seio, mas também não recusando. Pode também encurtar as mamadas e adiá-las. Mamadas podem ser suprimidas distraindo a criança com brincadeiras, chamando amiguinhos, entretendo a criança com algo que lhe prenda a atenção. A participação do pai no processo, sempre que possível, é importante.

A mãe pode também evitar certas atitudes que estimulam a criança a mamar, por exemplo, não sentar na poltrona em que costuma amamentar. Algumas vezes, o desmame forçado gera tanta ansiedade na mãe e no bebê, que é preferível adiar um pouco mais o processo, se possível. A mãe pode,
também, optar por restringir as mamadas a certos horários e locais.
Quadro 3 - Encorajando o bebê a desmamar: facilitadores
Mãe segura de que quer (ou deve) desmamar. Entendimento da mãe de que o processo pode ser lento e demandar energia, tanto maior quanto menos pronta estiver a criança. Flexibilidade, pois o curso é imprevisível. Paciência (dar tempo à criança) e compreensão.
Suporte e atenção adicionais à criança - mãe não deve se afastar neste período. Ausência de outras mudanças ocorrendo, como, por exemplo, controle dos esfíncteres. Sempre que possível, desmame gradual, retirando uma mamada do dia a cada 1-2 semanas.
As mulheres devem estar preparadas para as mudanças físicas e emocionais que o desmame pode desencadear, tais como: mudança de tamanho das mamas, mudança de peso e sentimentos diversos, tais como alívio, paz, tristeza, depressão, culpa e arrependimento. Já se avançou muito na valorização do aleitamento materno nos últimos tempos. A recomendação da duração da amamentação passou de 10 meses na década de 30 para dois anos, ou mais, nos dias de hoje.