Silvana Figueiredo Tavares




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12 de agosto de 2012

Relactação para aumentar o leite materno


É muito comum algumas nutrizes acharem que estão produzindo "pouco leite"... e continuam achando até que alguém prove o contrário. Contudo, mamães, não utilizem o sistema de nutricão suplementar (SNS - Relactador) indiscriminadamente, sem acompanhamento profissional, pois é preciso um planejamento com início e fim da intervenção. O método pode ser utilizado para facilitar o estabelecimento da produção e prolongar o aleitamento, mas não para deixar a dupla mãe e bebê "alienada" . Se não há hipogalactia, o relactador pode funcionar como uma mamadeira por conta do fluxo mais facilitado - o que favorece o desmame.

Relactação X Lactação Adotiva

Por ser uma das minhas linhas de pesquisa na EEUSP, eu acabo falando muito sobre a técnica da relactação. Entretanto, vejo que algumas pessoas confundem relactação com lactação adotiva (induzida), aquela utilizada para mulher que adota um bebê e deseja amamentá-lo. Vejam que na relactação a mulher já esteve grávida e, portanto, ela Re- Amamenta. A mamãe adotiva, ao contrário, nunca teve os estímulos por hormônios gestacionais e, por esta razão, é preciso induzir a produção láctea por meio de hiperestimulação e, na grande maioria das vezes, é necessário o uso de galactogogos – medicações e ervas capazes de estimular os hormônios da amamentação (prolactina e ocitocina, na hipófise). A semelhança entre as duas está no uso da sonda utilizada para fazer o leite (materno ou artificial) chegar até a boca do bebê enquanto ele suga a mama, mas o programa a ser cumprido (sempre acompanhado por um profissional em lactação) é diferente.
Entendam que quando falo da necessidade de ter o acompanhamento profissional, em alguns casos, é porque algum risco realmente existe. No caso da lactação adotiva e da relactação, é comum hiperestimular as mamas e, se não forem feitas da forma bem planejada (inserindo a família neste cenário), adequada, com cautela, calma, consciência do que se está fazendo e certeza de onde se quer chegar...é possível que a mãe se sinta fadigada, ganhe algumas lesões nas mamas e, assim, desista do processo ao sinal das primeiras dificuldades.
Não tenho dúvidas de que a lactação induzida exige muito mais da mulher, e da família, do que a relactação. Entretanto, nada é mais recompensador do que a felicidade de uma mãe, e de todas as pessoas que se propõem a ajudá-la, quando o leite materno é percebido. Para elas - mamães relactantes e em indução -  é mesmo um milagre...o milagre da vida nascendo e renascendo.
O leite materno é capaz de mudar o futuro ....por favorecer a existência de seres mais calmos, mais centrados, educados, saudáveis, bem articulados. Já pensou um mundo só de seres amamentados?

Como posicionar a sonda para relactação
Relactação é um termo utilizado para mulheres que já estiveram grávidas em algum momento da vida e querem voltar a amamentar um bebê, seja ele biológico ou não. Neste sentido, uma mulher que já teve um bebê há muitos anos, e não consegue engravidar novamente, pode amamentar um bebê adotado. No caso de internação ou morte materna após o parto a avó (ou qualquer mulher que já tenha tido um bebê) pode relactar. É diferente de lactação adotiva, onde uma mulher que nunca teve um bebê deseja amamentar.A relactação é muito mais vulnerável às alterações ambientais do que é a amamentação “normal”.
As etapas exigem mais paciência, uma boa rede de apoio emuita motivação, uma vez que a mamãe deve estar disponível para que o bebê mame entre oito e 10 vezes, em 24 horas. Contudo, a técnica tem sido amplamente utilizada em mamães com baixa produção de leite (hipogalactia) em situações onde uma investigação clínica não identificou nenhuma anormalidade que leve a este quadro, como por exemplo, nutrição materna deficiente, posicionamento e pega inadequados, introdução de outros alimentos, uso de bicos e mamadeiras, sobrecarga de estresse, ausência de mamadas noturnas, mamoplastia redutora, uso de álcool ou medicações, entre outros.
Não aconselho que a mamãe pratique a relactação sozinha, sem orientação de um profissional capacitado para o aleitamento materno. A intenção de utilizar a sonda é fazer com que a mulher produza leite em quantidade suficiente para alimentar seu bebê e por isso o seu uso deve ter “prazo de validade” e ser empregado cada vez menos ao longo dos dias. À medida que a mamãe vai produzindo mais leite, menos suplemento será oferecido através da sonda. E como fazer esta avaliação? É por este motivo que oriento a buscar ajuda profissional (médico pediatra ou consultora em lactação), pois o bebê deverá ser pesado com mais frequência, a mamada deve ser monitorada, bem orientada e as eliminações do bebê devem ser analisadas, além de outros indicadores importantes para preservar a saúde e bem-estar da dupla mãe-bebê.
A sonda a ser utilizada para relactação é a nasogástrica nº4. Entretanto, eu tenho optado pela sonda de aspiração traqueal nº4, por ser mais curta e facilitar o posicionamento:

- As duas pontas devem ser cortadas e aparadas;
- Uma das pontas estará mergulhada em um recipiente esterilizável reservado especialmente para este fim. Eu costumo utilizar uma mamadeira pequena de vidro.
- Há duas formas de posicionar a sonda: (1) você pode introduzir a sonda na boca do bebê depois que ele abocanhar a aréola, pelo cantinho da boca em direção ao palato duro (sem deixar encostar no palato e sem introduzir muito) ou(2) você pode já afixar a sonda junto ao mamilo antes de oferecer a mama para o bebê. É preciso avaliar qual método o bebê se adapta melhor, pois alguns podem perceber a sonda afixada e se recusar a mamar;
- O recipiente com leite deve ficar ligeiramente abaixo da cabeça do bebê ou um pouco acima, para que o fluxo de leite seja controlado. Isto depende da quantidade de leite que a mamãe já está produzindo no momento (peça orientação profissional).

Basicamente, a sonda estará bem posicionada se:

- Você está com o bebê bem posicionado e a pega está perfeita;
- Você vê o leite correr pela sonda sempre que o bebê realiza a sucção;
- Você escuta o bebê deglutindo;
- Você sente “agulhadas” nas mamas – reflexo de ocitocina. Algumas mamães podem não sentir no início; Ainda, pode ser que a mama oposta apresente vazamento espontâneo de leite.
- O bebê está confortável e não se engasga enquanto mama;
Lembre-se que para que a relactação seja bem sucedida é preciso que o profissional de saúde estude alguns fatores:
1-      Estresse ambiental
2-      Desejo do bebê
3-      Idade do bebê
4-      Apoio profissional
5-      Conhecimento sobre amamentação
6-      Conhecimento sobre relactação/técnica
7-      Expressão manual/estimulação das mamas
8-      “Pega”
9-      Receptividade da mãe e do bebê
10-   Mamadas noturnas
11-   Uso de mamadeira e chupetas
12-   Suplementação
13-   Efeitos adversos de medicações
14-   Suporte psicossocial
15-   Intervalo de interrupção entre o desmame e a relactação
16-   Experiência nutricional do bebê. Alguns já podem ter recebido alimentos sólidos, o que pode comprometer a intervenção
17-   Razões que levaram à cessação do aleitamento. Falta de conhecimento? Falta de motivação? Influência de terceiros? Doença? Medicação? Internação? Etc...
18-   Idade gestacional
19-   Apoio familiar

20-  Motivação materna – principal fator para o sucesso da relactação
21-   Quantidade de leite antes de interromper a amamentação
22-   Baixa produção de leite
23-   Introdução de alimentos sólidos
24-   Retração dos mamilos/má condição glândulas das mamas
25-   Posicionamento incorreto do bebê junto ao seio

Artigos (em inglês) sobre relactação:


Artigos do Dr. Jack Newman (Maior especialista em relactação do mundo):

Estudo sobre relactação de Grasielly Mariano:


(Grasielly Mariano - Doutoranda pela USP especialista em relactação por três instituições internacionais)